Depois de 112 dias de luta e resistência,
os professores da UFPE decidem encerrar a greve. A intransigência da Presidenta Dilma, resultou
numa greve sem maiores conquistas. Há quem critique os professores por terem
paralisado as aulas por tanto tempo e não terem “conquistado nada”. Eu discordo.
Parabenizo os professores por
terem tentado, por terem lutado, por terem, à sua maneira, enfrentado o
desprezo do Governo com a Educação que, nos primeiros 60 dias de greve, ignorou
a existência desta. Parabenizo e me orgulho dos professores que enfrentaram,
inclusive, a truculência desse governo que insistiu em não negociar, mas não se
acanhou em usar de violência contra os grevistas que protestavam em Brasília,
tentando dizer: Não nos ignore. Negocie!
Considero, portanto, a greve
positiva, porque despertou para a luta uma parcela dos trabalhadores brasileiros,
os servidores federais (em especial, os professores), que pareciam adormecidos
nesses últimos 10 anos de “governo de esquerda”. Diferente do efervescente
movimento desses e demais trabalhadores durante os longos oito anos de governo
FHC e seus desmandos no País.
A decisão da categoria em
enfrentar o Governo, contribuiu principalmente para expor os problemas da
Universidade Pública que, diferente da propaganda e do discurso governista,
sofre ataques como a desestruturação da carreira docente e a falta de
investimentos à altura das carências em extensão, pesquisa e na política de
assistência estudantil. Contribui, especialmente, para revelar a postura nada
democrática, nem progressista de uma Presidenta com o histórico de Dilma, que
se recusou em dialogar com quem não diz “sim, senhora!”.
O que nós, estudantes, fizemos, para que o resultado da greve fosse vitorioso?
A greve foi justa e necessária.
As bandeiras defendidas pelos grevistas iam além do aumento salarial. São
bandeiras em defesa da Universidade Pública, de melhorias que poderiam se
refletir positivamente, sobretudo, na vida de nós, os estudantes. E, por falar
em nós, o que fizemos para apoiar os professores e contribuir para que a greve resultasse
em grandes conquistas?
Quantas vezes fomos às
Assembléias de greve? Quantas atividades grevistas ajudamos a reforçar? O que
fizemos para desmentir o governo e sua falsa propaganda sobre a Universidade e
contra os grevistas?
Eu fiz pouca coisa ou quase nada.
Estive em Assembléia na ADUFEPE, senti a força da decisão dos professores em
resistir à intransigência do Governo, fiquei feliz com isso, externei meu apoio
a alguns, manifestei meu apoio nas redes sociais. Mas, não fui além. Nas
assembléias, não encontrei outros colegas... Avistei um ou outro “representante
do movimento estudantil da UFPE” que merece todas as aspas do mundo e, como era
de se esperar, passava quase despercebido na atividade.
Para não ser injusta, alguns
poucos, mas significativos colegas estudantes, principalmente de Saúde, se
mobilizaram e foram às ruas, em apoio à Greve. Essas poucas atividades deram novo
gás aos grevistas e reacenderam a chama da esperança por um novo momento na
UFPE. Mas, não fomos além disso.
Portanto, como exigir que os
professores arrancassem conquistas do Governo, sem apoiarmos efetivamente essa
luta?
Na UFPB, a assembléia de hoje decidiu manter a greve.
Parabéns aos professores paraibanos e, também, parabéns aos estudantes dali
que, há dois dias, ocuparam a Reitoria em João Pessoa e, certamente,
fortaleceram a luta dos professores daquela Federal. Porque, afinal, a defesa
da Universidade Pública, o professor melhor remunerado e mais estimulado em dar
aula e melhores condições de ensino não são bandeiras que dizem respeito apenas
a eles, os professores, mas a todos que fazemos a Comunidade Universitária. Por
isso, a luta, para ser forte e obter resultados, tem que ser coletiva, senão,
não se avança o necessário e as conquistas continuarão sendo parciais.
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