quarta-feira, 19 de junho de 2013

O DISCURSO APARTIDÁRIO TEM LADO E TEM PARTIDO


Você quer ter liberdade pra criticar, reivindicar, protestar, ir às ruas... Mas quer fazer isso com um público seleto, só os chegados é que podem estar ao seu lado?

Na SUA luta contra o aumento da passagem não pode ter partido, bandeira de partido, gente de partido, porque você e seus chegados não aceitam e agridem, achincalham e expulsam? 

E você quer, com essa postura, posar de democrata, republicano, progressista e defensor da liberdade? Você, mascarado de patriota pacifista, na verdade tem partido, tem lado. O seu lado é o do conservadorismo, é o lado dos reacionários que marcharam com a TFP e estiveram de braços dados com os militares que deram o golpe em 1964 e estão, como você, sempre achando que melhor mesmo são eles no comando – pra manter a ordem, perseguindo e cassando os partidos de esquerda, cumprindo a missão de salvar a pátria. 

O seu lado é o mesmo dos governadores e seus partidos que não economizam balas da sua PM pra agredir quem os critica, pra criminalizar quem faz a justa luta por direitos iguais e justiça social. Aliás, quando a PM começa a atacar, você logo assume um lado, acusando quem reage em legítima defesa de vândalo, gritando, com esses e para esses, “sem violência! Sem violência!”.

O seu lado é o lado da Direita. A mesma Direita que esconde as bandeiras de seus partidos, mas que também tem seus representantes nas passeatas, infiltrados e dedicados a criar a cisão no movimento, estimulando a violência e o apartidarismo – “usem branco!”, dizem eles, querendo uniformizar uma falsa neutralidade. 

O seu lado é o lado dos que não tem pauta específica pra defender na passeata, a não ser o impeachment de Dilma. Genérico e inócuo, seu cartaz é “contra a corrupção” - de quem? Dos capitalistas que sonegam impostos e enriquecem às custas de quem trabalha? Não. Contra a exploração e a gana pelo lucro, próprio do capitalismo, que é a causa, inclusive, do aumento da passagem, você não dá uma palavra. Mas, estimula a luta contra a corrupção dos políticos – assim mesmo, generalizando, pra promover o descrédito na política, enquanto você afia o discurso do retrocesso como solução. 

Aqui em Recife, no protesto de quinta-feira, você estará lá. Eu também. Tenho uma pauta para defender, ela inclui as bandeiras sobre melhoria no transporte coletivo, redução real do preço da passagem... Mas, também defendo, entre outras coisas: reforma agrária e cadeia para os latifundiários assassinos de indígenas e sem-terra; punição para os torturadores da Ditadura Militar, o fim da propriedade privada e da exploração capitalista. Certamente, não estaremos, como não estamos, levantando a mesma bandeira. 

Defenderei, também, o direito dos que tem partido de se manifestar. Se você tiver coragem de assumir o seu partido e não se envergonhar em levantar sua bandeira, também será respeitado. O que não dá pra respeitar e aceitar é o oportunismo e a manipulação dos reacionários disfarçados de falsos amigos da juventude. Não tenho partido. Mas, tenho lado.

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