quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A GREVE NA UFPE ACABOU. O QUE VOCÊ FEZ PARA QUE ELA FOSSE VITORIOSA?


Depois de 112 dias de luta e resistência, os professores da UFPE decidem encerrar a greve.  A intransigência da Presidenta Dilma, resultou numa greve sem maiores conquistas. Há quem critique os professores por terem paralisado as aulas por tanto tempo e não terem “conquistado nada”.  Eu discordo.

Parabenizo os professores por terem tentado, por terem lutado, por terem, à sua maneira, enfrentado o desprezo do Governo com a Educação que, nos primeiros 60 dias de greve, ignorou a existência desta. Parabenizo e me orgulho dos professores que enfrentaram, inclusive, a truculência desse governo que insistiu em não negociar, mas não se acanhou em usar de violência contra os grevistas que protestavam em Brasília, tentando dizer: Não nos ignore. Negocie!


Considero, portanto, a greve positiva, porque despertou para a luta uma parcela dos trabalhadores brasileiros, os servidores federais (em especial, os professores), que pareciam adormecidos nesses últimos 10 anos de “governo de esquerda”. Diferente do efervescente movimento desses e demais trabalhadores durante os longos oito anos de governo FHC e seus desmandos no País.

A decisão da categoria em enfrentar o Governo, contribuiu principalmente para expor os problemas da Universidade Pública que, diferente da propaganda e do discurso governista, sofre ataques como a desestruturação da carreira docente e a falta de investimentos à altura das carências em extensão, pesquisa e na política de assistência estudantil. Contribui, especialmente, para revelar a postura nada democrática, nem progressista de uma Presidenta com o histórico de Dilma, que se recusou em dialogar com quem não diz “sim, senhora!”.

O que nós, estudantes, fizemos, para que o resultado da greve fosse vitorioso?

A greve foi justa e necessária. As bandeiras defendidas pelos grevistas iam além do aumento salarial. São bandeiras em defesa da Universidade Pública, de melhorias que poderiam se refletir positivamente, sobretudo, na vida de nós, os estudantes. E, por falar em nós, o que fizemos para apoiar os professores e contribuir para que a greve resultasse em grandes conquistas?

Quantas vezes fomos às Assembléias de greve? Quantas atividades grevistas ajudamos a reforçar? O que fizemos para desmentir o governo e sua falsa propaganda sobre a Universidade e contra os grevistas?

Eu fiz pouca coisa ou quase nada. Estive em Assembléia na ADUFEPE, senti a força da decisão dos professores em resistir à intransigência do Governo, fiquei feliz com isso, externei meu apoio a alguns, manifestei meu apoio nas redes sociais. Mas, não fui além. Nas assembléias, não encontrei outros colegas... Avistei um ou outro “representante do movimento estudantil da UFPE” que merece todas as aspas do mundo e, como era de se esperar, passava quase despercebido na atividade.

Para não ser injusta, alguns poucos, mas significativos colegas estudantes, principalmente de Saúde, se mobilizaram e foram às ruas, em apoio à Greve. Essas poucas atividades deram novo gás aos grevistas e reacenderam a chama da esperança por um novo momento na UFPE. Mas, não fomos além disso.

Portanto, como exigir que os professores arrancassem conquistas do Governo, sem apoiarmos efetivamente essa luta?

Na UFPB, a assembléia de hoje decidiu manter a greve. Parabéns aos professores paraibanos e, também, parabéns aos estudantes dali que, há dois dias, ocuparam a Reitoria em João Pessoa e, certamente, fortaleceram a luta dos professores daquela Federal. Porque, afinal, a defesa da Universidade Pública, o professor melhor remunerado e mais estimulado em dar aula e melhores condições de ensino não são bandeiras que dizem respeito apenas a eles, os professores, mas a todos que fazemos a Comunidade Universitária. Por isso, a luta, para ser forte e obter resultados, tem que ser coletiva, senão, não se avança o necessário e as conquistas continuarão sendo parciais.