sábado, 30 de outubro de 2010

CONTRA O NEOLIBERALISMO, VOTO DILMA!


Voto contra Serra, porque ele, seu partido (PSDB) e seus comparsas, são os legítimos representantes do neoliberalismo. O neoliberalismo é um modelo político e econômico que tem como bandeira principal a defesa do Estado mínimo. Ou seja, a diminuição do tamanho do Estado para conter os gastos públicos.

Isso significa: privatização, arrocho salarial, demissões e terceirização do trabalho. Tais medidas o povo brasileiro já conferiu na prática nos oito anos do governo FHSERRA. O servidor público sofreu com arrocho salarial, a imposição de um plano de aposentadoria sem garantia plena dos direitos, demissões causadas pela terceirização dos trabalhos e a privatização de patrimônios lucrativos como, por exemplo, a Vale do Rio Doce e a Telebrás.

Toda essa política causou sérios prejuízos aos brasileiros. Foram oito anos de um Estado inoperante. FHSERRA não fizeram um concurso público sequer, não investiram nas instituições públicas e não prezaram pelo bom atendimento às necessidades básicas dos brasileiros.

Testemunhei o que foi o governo neoliberal FHSERRA, na UFPE, em 2001. Tentava iniciar o curso de Filosofia e lá enfrentei as dificuldades de uma universidade completamente sucateada, sem água nos bebedouros, livros nas bibliotecas, professores em sala de aula, sem restaurante universitário, sem nenhuma política de assistência estudantil (sem bolsas de extensão e muito menos Pibic). Faltava tudo, desde um salário decente para os professores e funcionários ao papel higiênico e o lápis piloto.

Tal situação e completo descaso de FHSERRA obrigou os servidores e estudantes a deflagrarmos uma greve que durou meses. Fizemos um Comando de Greve bastante atuante e combativo, não demos sossego a FHSERRA. E essa luta era nacional e não apenas nas universidades, várias categorias também se mobilizaram contra os desmandos do desgoverno neoliberal. A resposta dos “democratas” FHSERRA era o cassetete e as bombas da tropa de choque, tal qual o governo Serra faz hoje em São Paulo.

A desigualdade crescente fazia aumentar a violência e a fome. O nordeste sofreu o pão que o diabo amassou. Ignorado, esquecido pelo governo dos paulistas FHSERRA, penou com a seca, com o desemprego, com a falta de investimentos, o completo abandono. O último governo Arraes (1994-98), sofreu com a política preconceituosa e revanchista de seu presidente opositor. Para enfrentar a falta de recursos para pagar até a folha de pagamento, Arraes foi obrigado a usar os títulos precatórios e sofreu até seu último suspiro com a campanha caluniosa da Direita no Estado acusando-o de uso indevido de recursos públicos.

FHSERRA privatizaram tudo o que foi possível, usando sempre a desculpa de que era para investir em educação, saúde, segurança, moradia. Mas, a verdade é que as privatizações como toda a política econômica do governo do PSDB, serviram para enriquecer ainda mais banqueiros, empresas multinacionais, latifundiários e o agronegócio. Benefícios para o povo mesmo, ninguém sabe, ninguém viu.

Esses são alguns dos motivos que me fazem ter repulsa pelo neoliberalismo e, só por isso, voto em Dilma para presidente. Mas, este é um voto muito crítico, pois não aplaudo o governo Lula nem tenho maiores ilusões com um governo Dilma.

NÃO APLAUDO O GOVERNO LULA.
MAS REPUDIO O GOVERNO FHSERRA


O governo Lula continuou beneficiando os ricos. Os banqueiros continuaram garantindo 1000% de lucro ao ano; a dívida externa foi paga; bilhões foram “emprestados” aos EUA, para evitar que a grande potência capitalista não enfrentasse a bancarrota mais uma vez; e a vida do agronegócio foi facilitada, com os benefícios fiscais e sem um controle maior sobre a exploração da natureza. Isso não dá para esquecer, nem perdoar.

Mas, verdade seja dita, o governo Lula não seguiu à risca a cartilha neoliberal. Investiu na manutenção e fortalecimento do Estado. Realizou concursos públicos em praticamente todos os setores. Melhorou, ainda que em pequena proporção, o salário mínimo. E, investiu algum recurso na educação: Hoje, a universidade pública passa por reformas em sua infraestrutura que são muito bem vindas. Porém, se o governo “privilegiasse” o trabalhador e o estudante brasileiro, e não os banqueiros, investiria não apenas em infraestrutura, mas principalmente, em melhorar a qualidade do ensino, valorizar mais os professores e funcionários, faria concursos para novas contratações, garantiria assistência estudantil de verdade com restaurante universitário e mais bolsas de incentivo, além de bibliotecas com acervos maiores e melhor conservadas, entre outras coisas. E isso não foi feito.

Hoje o Brasil investe mais em educação? Quando comparamos com o governo FHSERRA não podemos dizer que não. Mas, infelizmente, esse investimento aplica a lógica do mercado. Trata-se do investimento no ensino tecnicista – adotado, inclusive, pela ditadura militar – que forma mão-de-obra, em geral, barata, para atender às demandas do mercado. Investir na formação educacional, permitir que o filho do trabalhador realize seus anseios e aptidões intelectuais, nem pensar.

A política adotada pelo governo Lula é a política nacional-desenvolvimentista, também aplicada por Vargas e Kubitschek – cujos governos também não terço elogios. Mas, como já disse, é uma política diferente da neoliberal de FHSERRA. E isso é positivo. A política externa de FHSERRA, por exemplo, era de completa subserviência aos EUA e de violenta oposição a governos anticapitalistas, como Cuba. Já o governo Lula, buscou o diálogo e apoiou Cuba e outros países da América Latina que decidiram não aceitar, inertes, a espoliação e a ingerência dos EUA. Tal postura contribuiu para o fortalecimento do direito à soberania de cada país latino que ousou ser antiimperialista. Isso também não dá para esquecer. Como esquecer o apoio do governo Lula à Zelaya e seu governo golpeado pelos EUA e a burguesia de Honduras? E o diálogo com o Irã?... Ou seja, em momentos importantes, Lula se opôs aos EUA.

Contudo, não é possível esquecer, também, que esse mesmo governo mantém tropas militares reprimindo a população do miserável Haiti, que precisa mesmo é de comida e de saúde, para não sofrer, como agora, com epidemia de cólera que já matou centenas de habitantes.

Outra crítica que faço ao governo Lula é sobre uma questão que considero muito séria. A relação do governo com os Movimentos Sociais, tão necessários à manutenção e defesa da parca democracia que temos e dos direitos conquistados. Hoje, para minha tristeza, assisto ao conjunto de entidades que compõem os Movimentos completamente atreladas ao governo Lula, com dirigentes de CUT, UNE, UBES, e tantas outras, presos em gabinetes ou se beneficiando de projetos governamentais que, para não perderem, deixam de criticar os erros do governo e abrem mão da luta.

Essa política é perigosa, porque assim o governo conseguiu engessar e silenciar as entidades de classe. Isso mantém o trabalhador cego à sua própria realidade e ele passa a acreditar na propaganda do governo, mesmo que ela não seja condizente com a verdade. Porque não existe mais a crítica, a cobrança, a denúncia, o chamado à luta pelo seu sindicato. E, assim, o governo faz o que bem entender, sem maiores pressões.

Sempre que penso nisso e me atormento, lembro do governo Jango e da luta pelas Reformas de Base. A contragosto dos militares e da burguesia, e com o apoio do povo, Jango conseguiu assumir a presidência da República, em 1963. Mas, mesmo apoiando seu governo, os movimentos sociais não deixaram de ir às ruas, de fazer greves e de exigir que Jango governasse para os trabalhadores e não para os patrões. Essa política deu tão certo que a burguesia se viu desesperada e deu o golpe militar. Mas, esse resultado não significa que a política estava errada. Errado estava quem se iludiu e baixou a guarda. Não se deve nunca perder a referência na força e no poder das massas organizadas e conscientes. E o governo Lula cometeu esse erro. E isso não se pode esquecer jamais.

SEM ILUSÃO COM UM GOVERNO DILMA.
MAS, CONTRA O FASCISMO NEOLIBERAL

Como já disse, não tenho ilusão com um possível governo Dilma. Não acho que ela vai inverter a ordem de prioridade e passar a valorizar mais o trabalhador. O meu ceticismo me diz para manter sempre um pé atrás e desconfiar sempre do que está por vir. Ainda mais quando vem enrabichado com o PMDB de Michel Temer, que me faz temer só em pensar no que pode surgir daí...

Mas, apesar de tudo isso, de todas essas ressalvas e críticas à Lula/Dilma, voto consciente em Dilma, porque voto contra o neoliberal FHSERRA. Ainda mais tendo o estímulo e as razões que me dá a campanha baixa do PSDB/DEM/PPS e toda corja que os acompanham: fundamentalistas religiosos, TFP, Opus Dei, fascistas, neointegralistas, neonazistas, preconceituosos de plantão e todo conjunto de hipócritas puritanos e ultraconservadores disfarçados de democratas. Aliás, é exatamente por eles existirem e assumirem que têm lado, e que esse lado é o de Serra, é que voto com tanta convicção em Dilma 13 para Presidente do Brasil.